Já faz algum tempo que eu havia planejado postar esse texto. Pra mim, não tem como começar um tratamento da compulsão alimentar sem começar, também, uma atividade física que se goste. Isso, porque é fundamental se trabalhar a autoestima para se ter munição contra o distúrbio alimentar. A atividade física, seja qual for, nos dá essa ferramenta tão valiosa. Eu sei que para os sedentários, para os que detestam se mexer, esse papo é meio pesado, mas amigos, por favor continuem lendo, só mais um pouquinho.
Na maioria das vezes, desistimos, ou nao começamos a prática da atividade fisica, porque escolhemos praticar um esporte que nao gostamos, ou porque fazemos alguma atividade que alguem disse que era bom, que tínhamos que fazer. Quantas vezes eu desisti, ou fazia de má vontade, porque achava que precisava fazer musculaçao, o que eu detesto. Quando me dei conta que nao está escrito em lugar algum que eu precisava fazer musculação, e que eu deveria fazer a atividade que eu gosto, as coisas começaram a mudar; passei a me mexer com prazer e nao mais desisti desse hábito tão saudável. Avaliem isso, de repente até hoje você só fez o que nao gostava e por isso desistiu tantas vezes, ou nem se quer quis se mexer, tornando-se um sedentário.
O texto abaixo é um resumo de um capítulo do livro “A Semente da Vitória”, do autor Nuno Cobra (ex preparador físico do Ayrton Senna). É um livro excelente, recomendo a todos. E para aqueles que não têm como comprá-lo, há um download gratuito no site www.4shared.com. Não há razões para nao lê-lo.
Desejo a todos uma boa leitura!!
“A mudança começa por pequenos gestos. Faz-se uma curta caminhada, por exemplo, e essa aos poucos vai sendo aumentada. Tudo começa com um simples primeiro passo. Se a pessoa persistir por 90 dias, período em que aparecem as transformações orgânicas substanciais, não conseguirá mais parar. A reação é formidável. A pessoa se transforma. Parece que o nosso corpo está à espera de que se faça alguma coisa por ele. É preciso perceber que o movimento deve estar ligado ao desejo de atingir objetivos maiores, como fortalecer o coração e ajudar o cérebro a funcionar melhor - deixando fluir mais soltas as emoções, atingindo com isso um nível mais alto de espiritualidade.O corpo é o nosso maior patrimônio. É ele que nos possibilita a ação e a adequação ao mundo que nos circunda.Quem só pensa no corpo como algo a ser moldado e o maltrata por meio da malhação; ou o usa como máquina, de olho apenas no rendimento fisico, está muito longe de ter saúde. Pense que fitness não é health. O corpo deve ser tratado com carinho.” Nuno Cobra
A NECESSIDADE VITAL DO MOVIMENTO
Há que se entender que a essência da vida é o movimento. Nada no universo está parado. Somos o Universo e o Universo está em movimento. Entretanto, o homem tornou-se, de repente, absolutamente sedentário, enfurnado em casa, locomovendo-se sobre rodas, subindo escadas rolantes, usando elevadores. As pessoas são capazes de ir até a banca de revistas a três quarteirões de sua casa, pasmem, de carro! Nos shoppings, evitam de subir as largas escadas normais para se atulhar em escadas rolantes. E, para agravar ainda mais a tendência à atrofia geral, não se movimentam para nada, sequer para abrir os vidros do carro... Nem as marchas querem mais trocar - o que trocam, sim, é sua saúde por um carro totalmente automático. O ponto mais vulnerável da falta de movimento é o coração. É ele que mais sofre, juntamente com a circulação sanguínea. O coração é um músculo fortíssimo, e o movimento pode desenvolvê-lo e prevenir doenças. A atividade motora melhora a ejeção sistólica e também aumenta a luz dos vasos - diâmetro das artérias, arteríolas e capilares -, permitindo que o coração deixe de fazer uma pressão tão forte para enviar o sangue, normalizando a pressão arterial e fazendo com que o sangue chegue de maneira mais suave e eficiente a todos os departamentos do corpo. O coração é o alicerce da vida e, se é um músculo, deve ser induzido a movimentar-se. Se não for exigido pelo movimento, automaticamente vai tornar-se ineficiente. O movimento, feito sem agressão ao organismo, é a redenção do homem.
É fundamental entrar em ação, sabendo que, para isso, não existe diferença de sexo, nem de idade, nem se a pessoa é treinada ou não treinada. Tanto faz. A idade não impede o desenvolvimento dos músculos, não impede a pessoa de ficar forte e desenvolver o coração. Essa história de que depois de certa idade não dá mais para fazer o músculo reagir e se desenvolver não é correta. É um paradigma que deveria ser eliminado. O mais incrível é que o movimento melhora a vida das pessoas em todos os aspectos. A pele rejuvenesce, porque a pessoa dorme melhor, alimenta-se melhor, o sangue circula melhor, assim como melhora seu desempenho sexual. Melhoram até pessoas com muita idade, por conta da irrigação sanguínea também melhorada. Isso ainda faz diminuir a pressão arterial. Ficar velho, portanto, é uma opção.
A vida é movimento. E é esse movimento o responsável por beneficiar seu corpo e enriquecer seu cérebro. É muito difícil uma pessoa que faz movimento ficar deprimida - não dá para sentir-se triste com tantos hormônios de altíssima qualidade que são fabricados graças ao trabalho com o corpo.
Todos nós temos os meios e as ferramentas para trabalhar a saúde. Basta começar. A pessoa se transforma e essa transformação é profunda e rápida. Você ficará encantado por tudo que está conseguindo, mas necessita no início se impor a realização desse trabalho gostoso, leve, mas persistente e sistemático. Há que se perceber a importância do primeiro passo. Pode-se começar colocando na cabeça que você tem de gostar de você. Tem de se dar importância. Achar que é tudo na vida. Comece abrindo espaço no seu dia e se dê uma horinha, ou meia, para caminhar vendo as árvores, curtindo o dia, respirando gostoso. É importante a pessoa ter consciência de que está se dando tempo. Só então ela vai constatar que atende fulano e beltrano, tem dezenas de tarefas e obrigações, mas jamais entra em sua própria agenda. Veja, nem é preciso muito, basta meia hora para andar numa pracinha ou num condomínio. Claro que o resultado só virá com um trabalho sistemático e em sequência. Primeiro se sobe um degrauzinho. Depois se sobe outro, ainda pequenininho. E assim vai, porque tem de ser agradável. Não é para sofrer, para despender grande esforço. Não vai ter dor, não vai ser difícil. Deve, isso sim, ser gratificante. E a cada dia vai ficando mais gostoso.
Nós já passamos da fase do massacre ao corpo, como foi feito na década de 1980, quando surgiram as primeiras academias que colocaram em prática a ideia da "malhação". Quando eu era criança, malhava-se o Judas no sábado de aleluia. Fazia-se um boneco com roupas velhas e enchimento de jornal amassado, amarrava-se o boneco no poste e batia-se no boneco pra valer. Aliás, não podiam ter dado melhor nome ao que muitas pessoas fazem hoje com o corpo. Na ânsia de um exterior bem esculpido e de uma geografia bem delineada, faz-se qualquer negócio. Mas o corpo não foi feito para ser malhado; foi feito para ser tratado com carinho, com muita atenção. Portanto, cuidado com esse termo, porque muitas vezes as pessoas estão realmente malhando seu corpo, fazendo um esforço que vai além de suas possibilidades, ultrapassando seus limites, conquistando lesões e envelhecendo prematuramente. Malhar é fazer uma atividade física agressiva, ou caminhar, ou correr totalmente em débito de oxigênio. Esse processo de desequilíbrio acontece quando o trabalho físico ficou muito forte e o coração não dá mais conta da necessidade de oxigênio exigida pelo organismo. A pessoa começa a ter de respirar cada vez mais forte, porque a demanda de oxigênio não está sendo suficiente: ela gasta mais oxigênio que o que está entrando no seu organismo. E isso não é bom para o coração.
Quero deixar claro o seguinte: correr não faz mal, caminhar não faz mal, desde que se reconheça o momento cardiovascular de cada pessoa. O que fará bem, ou mal será a maneira como se vai usar o movimento para compor a saúde. É evidente que a pessoa sedentária deve iniciar a prática da atividade física com um passeio. Há que se descobrir seu momento cardiovascular e então trabalhar no desenvolvimento dele. Mas qualquer pessoa, em qualquer idade e em qualquer momento, pode – e deve - iniciar um trabalho cardiovascular. É muito engraçado quando atendo as pessoas pela primeira vez e elas me perguntam: "Mas até quando eu vou ter de fazer atividade física?". Para ser didático, respondo perguntando: "Até quando você vai ter de se alimentar?". E continuamos: "Você tomou café da manhã?" -"Tomei!" - "Almoçou?" - "Almocei!" - "Depois comeu um lanchinho?" - "Comi." -"Mas aposto que à noite você vai ter fome novamente e vai jantar." - "É claro que vou jantar!" - "E amanhã vai fazer isso tudo de novo e todos os outros dias da sua vida." - "Lógico!". Então eu pergunto: isso não incomoda as pessoas? Ter de comer todos os dias e várias vezes ao dia não incomoda? E por que ter de realizar o movimento do qual o organismo humano depende da mesma maneira que da alimentação incomoda tanto? Assim como a alimentação ou o sono, o movimento não pode ser armazenado. Tem de estar presente no dia-a-dia das pessoas.
Vale lembrar que a dor é amiga e é um alerta de que alguma coisa está errada. É a maneira que o corpo encontra de dizer que o trabalho está sendo prejudicial e deve ser interrompido imediatamente para que se possa efetuar uma revisão. Não há necessidade de sofrimento no trabalho com o corpo. Passar do próprio limite cardiovascular é perigoso, além de poder ficar lesões nas articulações, ligamentos ou tendões que tiram justamente esse prazer que você tanto aprecia. Então, que se tenha bom senso e sabedoria. A virtude não está nas extremidades. Há pessoas que nunca fizeram nada e, quando vão fazer, querem fazer demais. Nosso corpo não foi feito para isso. A performance tem sempre de depender da saúde. Essa é a fórmula correta. Fique forte, fique bonito, fique saudável. Faça esporte, faça muito, faça tudo. Você pode escolher, é seu direito, não depende de ninguém, mas pense sempre que você é a pessoa mais importante da sua vida. Lembre-se: com o coração não se pode errar. Ele necessita do trabalho mais adequado ao seu momento cardiovascular e não pode sofrer estiramentos, cãibras ou distensões. Não há como imobilizá-lo, o que se pode fazer com tantos outros músculos. Se errar, poderá ser uma vez só.
Quando as pessoas conquistam um corpo visualmente mais desenvolvido, passam a gostar mais de si, e esse é um momento importante, porque o espelho lhes mostra que são capazes. Acabam sentindo-se mais seguras - além de estarem evitando doenças como, por exemplo, a osteoporose. Quando as pessoas se vêem fortes, fazem-se fortes - e até admiradas, como se aqueles músculos tivessem nascido do nada. Na verdade sempre estiveram lá.
Nuno Cobra
muito bom , adorei e vai me ajudar a besa na minha prova de ed.fisica (:
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